"Sei ser poeta apaixonado ou apenas questionador, sei ser raiva, sei ser dor. Sei ser discreto, sei ser direto, também dou voltas e crio dilemas desnecessários, posso ser liquido como água ou sólido como uma pedra, ou feito um mormaço numa tarde quente, mas vou ter meu valor nessa vida toda incerta de vitórias e fracassos, não é desse jeito que pensa tanta gente? Sei ser estático, melodramático, todo errado e todo correto, ao mesmo tempo sou fogo e vento, e destruo e acalmo onde eu possa passar. Sei ser apenas o que quero, não tem lá muito mistério, sou minha alegria, sou meu próprio amor e guardo rancor, por nunca, jamais ter aprendido verdadeiramente a amar.
Eu sou de palha, parafina, migalhas apenas reconstituídas em um ser para cumprir sua terrível sina, mas que fora predestinada para ser assim, sem dó ou pena do que serei ou fui e vivi... todavia, isso somente será revisado no fim. Eu reaproveito meus pedaços, me refaço e novamente desfaço, feito fênix e suas cinzas eu renasço. Do nada eu sou, e da lá eu vim, para lá acho que vou, eu não sei mais de mim! Eu sou a piada mal contada, uma história mal vivenciada, mil almas eternas em um só corpo e coração, e destruo meu pulmão por inalar tanta psicologia e moralidade barata nesta porca sociedade, que só vive se for em vão. Eu sei ser doce, e sou amargo. Sou de uma beleza tênue e notória, fui feito para atrair atenção e nunca ser ofuscado, e não me deixava ser calado, eu falava e fazia o que queria, eu era meu juiz e, pela vida, fui condenado.
Eu fui coragem e força. Eu sou a luz e a profunda escuridão. Fui meu herói e o péssimo mentor da minha criança interna. Sou um quadrado, uma esfera. Eu fui e sou o que eu sempre pretendi desde que me descobri. Usei metáforas para me transmitir e creio que essa quase lição continua a se difundir. E desse mundo, já faz tempo que parti, mas deixei meu recado em várias formas de escandalizar a contradição. Eu fui o que escrevi, eu sou o que deixei e sempre serei o mais alto nível da loucura e de toda a razão."
Não fui eu quem escreveu esse texto, e sim a Suellen Figueiredo. Ela é uma amiga minha, super talentosa, a quem eu admiro muito, respeito, amo. Sempre me surpreende com suas palavras e dessa vez não foi diferente. "É sobre Cazuza, mas envolve o meu 'eu', como se eu fosse uma parte dele falando sobre ele mesmo... Eu nunca fui fanática por ele, só respeitava. [...] Eu sou um pouco Cazuza. Tirei as músicas dele como base para esse texto. Eu quis criar uma imagem de mais ou menos como ele se via. As músicas dele diziam mais sobre ele do que alguém pode imaginar. É tudo nas entrelinhas."
Eu achei esse texto muito impactante, bonito, sincero. Eu gostei de verdade e espero que eu não tenha sido a única pessoa :)
(O texto está exatamente igual ao original, nenhuma palavra e/ou frase foi alterada.)
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